Nenhum edifício está isolado. Envolvendo redes ambientais e culturais, a arquitetura é uma arte inerentemente fundamentada. Assim, limites e restrições impulsionam o processo de projeto, gerando soluções que celebram o mundo como o encontramos. Incorporando essa dinâmica, os projetos de renovação e reutilização adaptativa abrangem problemas desafiadores e condições existentes. Isso é especialmente verdadeiro quando se trabalha com edifícios industriais, locais onde maquinários, manufatura e energia são combinados.
Existem inúmeras escalas e abordagens formais para a arquitetura industrial. De cervejarias e serrarias, a armazéns e refinarias, cada edifício é criado em torno de processos especializados. Muitas vezes preservando a estrutura e os envoltórios originais, as renovações geralmente introduzem novos programas dentro de limites definidos. Sejam empreendimentos públicos ou privados, essas transformações acontecem em velocidades variadas. Embora alguns projetos possam ser lentos e ad-hoc por natureza, as renovações geralmente sinalizam maiores empreendimentos futuros dentro de um bairro ou distrito.
Explorando renovações industriais em todo o mundo, cada um dos projetos a seguir foram feitos com inserções cuidadosas e arranjos espaciais criativos. Respeitando técnicas e métodos de construção históricos, as renovações combinam uma lógica baseada no local mas com conceitos contemporâneos.
Escritórios Vieira de Almeida & Associados / PMC Arquitectos + Openbook Arquitectura
O local escolhido para acolher os novos escritórios do Vieira de Almeida Associados situa-se no centro de Lisboa, numa antiga zona industrial junto ao Rio Tejo. O projeto desenvolve-se em dois edifícios industriais antigos: o principal, em frente às ruas Dom Luís I e Boqueirão do Duro, contém as maiores instalações; o menor é voltado para a Praça Conde Barão e mantém parte dos serviços administrativos.
Kraanspoor / OTH Architecten
Kraanspoor é um edifício de escritórios transparente e leve de três pavimentos construído sobre uma plataforma de concreto nas imediações do antigo pátio do estaleiro da NDSM (Nederlandsche Dok en Scheepsbouw Maatschappij), uma relíquia da indústria naval de Amsterdam. Esse monumento industrial, construído em 1952, possui 270 metros de comprimento, 13,5 metros de altura e uma largura de 8,7 metros. A nova construção acima possui os mesmos 270 metros de comprimento, com 13,8 metros de largura e acentua o tamanho original do Kraanspoor e a vista espetacular do rio IJ.
Escola Superior de Belas Artes de Nantes Saint-Nazaire / Franklin Azzi Architecture
Localizada na “Ilha de Nantes”, local em transformação industrial, o projeto de requalificação dos Armazéns da Alstom marca um novo passo em direção ao objetivo de reabilitação urbana. Ele vai além - trata de se apropriar da cidade no antigo local dos armazéns da Alstom para que uma nova dinâmica surja no cruzamento da cultura, tecnologia e economia. Em mais de 20 anos, o espaço disponível dos armazéns existentes será reestruturado e convertido em um distrito polivalente de criatividade.
Beijing Cultural Innovation Park / COBBLESTONE DESIGN
A renovação dos terrenos industriais é acompanhada pela dupla renovação da indústria e do seu entorno. No entanto, a organização do conteúdo sob a orientação industrial é frequentemente dinâmica, de modo que a forma espacial precisa refletir continuamente esse valor potencial. O objetivo da renovação do “Shouxing Innovation Workshop” é construir espaços de comunicação, reorganizando o terreno, o conteúdo, interface e textura do edifício.
Adaptação do Hall 3 do Central Park para Instalações Culturais / Contell-Martínez Arquitectos
Este projeto visa transformar um antigo armazém ferroviário em um espaço cultural dentro do novo Parque Central de Valência, que hoje cobre os antigos trilhos da estação principal da cidade. O galpão foi construído em 1917 por Demetrio Ribes e é um exemplo valioso dentro da arquitetura ferroviária da cidade. O projeto permite a máxima flexibilidade de uso para que diferentes atividades possam acontecer simultaneamente, respeitando o caráter industrial do edifício. O galpão é dividido em cinco vãos que orientam geometricamente o projeto.
The Carreau du Temple / studioMilou architecture
O Carreau du Temple, um mercado histórico de aço e vidro de 1868, localizado no bairro de Marais, em Paris, foi reaberto pelo prefeito da cidade em 20 de fevereiro de 2014. Este edifício, com sua arquitetura caracteristicamente transparente, é uma das poucas estruturas remanescentes da arquitetura em estrutura de metal em Paris do XIX. Ele foi incluído na lista de patrimônio da França em 1982, cinco anos após a demolição do Paris Halles e seus famosos pavilhões Baltard. Em seu projeto, o studioMilou architecture procurou "idealizar" este monumento, enfatizando o refinamento de sua estrutura e tornando-o o mais transparente possível.
Coal Drops Yard / Heatherwick Studio
Residente de longa data de King's Cross, o Heatherwick Studio reinventou dois edifícios ferroviários históricos da década de 1850 como um novo distrito comercial com cerca de 60 unidades, abrindo totalmente o local ao público pela primeira vez. Em 2014, o estúdio foi contratado pela King’s Cross Central Limited Partnership para repensar radicalmente o local. Os volumes vitorianos alongados foram construídos para receber carvão do norte da Inglaterra e distribuir na região de Londres por barcaça e carroça.
Centro Cultural Daoíz y Velarde / Rafael de La-Hoz
Como parte do complexo Daoiz y Verlarde de antigos quartéis, o objetivo era preservar a arquitetura; uma amostra representativa do patrimônio industrial e militar de Madri. Desde o início, a ideia foi respeitar a geometria básica do edifício existente, bem como a sua estrutura metálica e a fachada em alvenaria. O espaço interior foi esvaziado para criar um contentor ao Centro Cultural, que se divide em duas áreas com entradas e espaços de circulação distintos, mas com uma forte ligação visual e espacial entre eles, e com possibilidade de adaptação a diferentes tipos de eventos.